terça-feira, 5 de maio de 2009

Máscaras

Máscara de Soares dos Reis

Se pudesse usá-la,

A tua, marmórea eterna alvura

Arrancaria ao teu “Desterrado”

Aquele olhar absorto,

Absíntico e morto.

Trespassado pela dúvida fria,

E esfarelá-la-ia em centelhas

Para despejar estrelas

Nas nossas cabeças moças

Dançando em louvor

Ao génio que te incumpriu.


Máscara da População dita Discente


Onde está a vossa endógena e moça rebeldia

Para assaltar desta casa o tesouro da criação?

Carregais vergados com dor vosso saco de estesia

Sem o brilho e o fulgor de uma revelação.

Tristes, velhos, cansados e descrentes

Derramais o cálice do dever de vosso ofício,

Compondo a máscara de ébrios discentes

Que as artes farejam como os cães seu vício.

Jamais ousareis levantar apolínea chama

Que é sonho, claridade, cintilação e vida

Mas também sofrimento, dor, paixão e drama?

Quereis permanecer máscara de gente perdida,

Que andando no mar teme, quer bonança, quer borrasca,

E assume o odioso cognome de geração “rasca”?

José Melo

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