Máscara de Soares dos Reis
Se pudesse usá-la,
A tua, marmórea eterna alvura
Arrancaria ao teu “Desterrado”
Aquele olhar absorto,
Absíntico e morto.
Trespassado pela dúvida fria,
E esfarelá-la-ia em centelhas
Para despejar estrelas
Nas nossas cabeças moças
Dançando em louvor
Ao génio que te incumpriu.
Máscara da População dita Discente
Onde está a vossa endógena e moça rebeldia
Para assaltar desta casa o tesouro da criação?
Carregais vergados com dor vosso saco de estesia
Sem o brilho e o fulgor de uma revelação.
Tristes, velhos, cansados e descrentes
Derramais o cálice do dever de vosso ofício,
Compondo a máscara de ébrios discentes
Que as artes farejam como os cães seu vício.
Jamais ousareis levantar apolínea chama
Que é sonho, claridade, cintilação e vida
Mas também sofrimento, dor, paixão e drama?
Quereis permanecer máscara de gente perdida,
Que andando no mar teme, quer bonança, quer borrasca,
E assume o odioso cognome de geração “rasca”?
José Melo
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